No dia 22 de janeiro, o Sateal encaminhou ao presidente do Sindicato dos Hospitais da rede particular a pauta da convenção coletiva de trabalho e recebeu como proposta de aumento salarial um percentual de apenas 7,5%, o que hoje em dia significa dizer que o auxiliar e o técnico de enfermagem, caso a categoria aceitasse a oferta, passaria a receber um salário mínimo.
Diante desta reflexão, claro, os profissionais não se renderam ao “acordo”, pois acreditam que a aceitação deste tipo de proposta demonstraria conivência com o desmerecimento do trabalho essencial que os auxiliares e técnicos de enfermagem exercem nestas instituições. Para se ter uma ideia, a classe trabalhadora conseguiu provar, por meio de planilhas, que o auxiliar estava recebendo menos de um salário mínimo e que os hospitais particulares – na tentativa de driblar os direitos constitucionais – fizeram um complemento salarial igualando a remuneração de técnicos e auxiliares. Mesmo sendo tão esclarecedora, a documentação foi ignorada, já que a real intenção dos representantes dos hospitais filantrópicos (com a oferta) era maquiar a situação e pagar ao trabalhador algo que ele já deveria estar recebendo há muito tempo, ao invés de proporcionar ao mesmo um salário digno.
Apesar de sabermos que a saúde no país passa por dificuldades, assim como outros segmentos, não podemos deixar de lutar por nossos direitos e permitir que as empresas de saúde filantrópicas se utilizem de sua condição para prejudicar trabalhadores competentes. Devemos lembrar que, também em janeiro, o Governo Federal começou a fazer a liberação de incentivos financeiros aos hospitais filantrópicos – que ainda recebem ajuda dos poderes executivos estadual e municipal, além de isenções fiscais. Consideramos lamentável que os órgãos competentes não realizem auditorias exímias nessas instituições que de filantrópicas não têm nada, pois possuem convênios com planos de saúde e cobram por pacotes para partos (mesmo que este serviço seja pago pelo SUS).
A categoria de profissionais de saúde que aqui fala expressa sua indignação não somente com a falta de reconhecimento das equipes de enfermagem que sustentam tantos hospitais particulares filantrópicos, enquanto diretores dormem ou viajam a passeio. Fazemos questão de externar nossa desaprovação com atitudes que além de não serem filantrópicas são desumanas; alguns exemplos delas são transmitidos diariamente na TV: instituições que negam medicamentos aos pacientes, que já são até mesmo pagos pelo Ministério da Saúde, pessoas que deixam de ser internadas porque seus casos não são “rentáveis” para os hospitais.
Chega! Não aceitamos 7,5%, e mais: não somos coniventes com o desrespeito ao profissional de enfermagem, que é induzido ao erro por ter de suportar uma carga horária de trabalho surreal, sendo responsável pelos cuidados de até 30 pacientes. Não podemos permitir que estes absurdos, já divulgados anteriormente continuem a acontecer. Não se brinca com a saúde, seja ela do assistido ou do trabalhador. Enfermagem não é moeda de troca como muitos empresários vêm tratando, para exercê-la é necessário, antes de tudo, condições de trabalho. É isso o que as Confederações municipal e patronal deveriam pensar antes de condicionar a aprovação das 30 horas semanais para os profissionais de enfermagem à recepção de mais dinheiro do Governo Federal. Vamos acabar com esta vergonha!