O presidente do Sateal, Mário Jorge Filho, elogiou o trabalho dos repórteres Maurício Gonçalves e Felipe Brasil, pela produção da reportagem especial A vida por um fio, publicada no jornal Gazeta de Alagoas, no último dia 17.
Mário Jorge enfatizou que o texto esmiúça as condições de trabalho e atendimento da unidade. “Diante desse cenário desesperador é totalmente compreensível que os profissionais fiquem estressados, adoeçam e comprometam o atendimento aos pacientes. A reportagem mostra o quanto os profissionais estão expostos a situações degradantes e até violentas”, pontuou.
Dezenas de documentos com fotos, reportagens e vídeos são enviados a órgãos de fiscalização nacionais, e para a presidência da República. “Não podemos aceitar que nossos governantes fiquem indiferentes diante de tanta injustiça”, enfatizou o presidente, que continua entregando denúncias contra o descaso com a saúde pública alagoana.
A vida por um fio – HGE, o corredor da morte Maurício Gonçalves Felipe Brasil
Repórteres
A pena de morte no Brasil foi abolida com a proclamação da República, em 1889, mas Alagoas tem um corredor da morte. Ou “os corredores da morte”, como são taxadas as dependências do Hospital Geral do Estado (HGE) por pacientes, médicos e outros profissionais que trabalham lá. A denúncia é feita desde 2007, enquanto a direção da unidade e o governo do Estado tentam desmentir.
O acesso da imprensa ao hospital sempre foi proibido, mas os sindicatos, funcionários do HGE, acompanhantes e os próprios pacientes, vez por outra, conseguem levar à mídia as imagens do terror vivido lá dentro. Inúmeras fotos e filmagens já chocaram o Estado e todo o País. Nada mudou, até piorou. Apesar do farto material divulgado, faltava entrar lá para ouvir o que os cidadãos submetidos ao caos têm a dizer: o medo, a impotência, a frustração, o lamento, a ira, o desespero, a revolta, os gemidos de dor.
Foi isso o que fez a Gazeta. Durante duas semanas, a reportagem investigou o assunto. O ponto mais crítico do trabalho foi conseguir entrar no “olho do furacão”, no caso, o combalido e estafado hospital que é a única referência para o atendimento de urgência e emergência em Maceió. Durante dois dias, dois repórteres vestiram jalecos e ingressaram pela porta principal da área vermelha.
“Está faltando respiradores para cinco pacientes”, alerta um auxiliar. Em vão. Os agonizantes, à beira da morte, continuaram sem respiradores. Na tentativa desesperada de mantê-los vivos, equipes de enfermagem se alternam fazendo massagens torácicas. “Eu digo, doutor, o paciente está indo, mas o médico não tem o que fazer, fica sofrendo também, de braços cruzados. O paciente parando e nós estamos lá, tentando ressuscitar com massagem, sabendo que não tem o equipamento para dar um suporte maior de oxigenação”, chora a técnica de enfermagem Valda Lima.
As equipes tropeçam na falta de espaço, enquanto uma grande lixeira está aberta em plena área vermelha, no meio da sala. O pessoal da limpeza, alguns não têm luvas, não encontra espaço no corredor para deixar o depósito cheio de lixo hospitalar. O jeito é entrar – por vezes esbarrando em pacientes enfartando, a centímetros de vítimas de AVC e embolia – com rodos, vassouras e esfregões, que encostam em macas, equipamentos e instrumental.
Sentindo-se atolado na lama do caos e na areia movediça do descaso, um médico postou um pedido de socorro nas redes sociais: “Nossos pacientes estão morrendo em nossas mãos! A situação no HGE é caótica. Faltam oxímetro de pulso, ventiladores mecânicos, luvas. Até quando isso? Até quando ver 40, 50 seres humanos cobertos por mosquitos?!”.
Moscas também não faltam. Formigas, baratas, outros insetos e animais peçonhentos idem. Fora da área vermelha ainda pode ser pior. Um canto próximo à entrada da Pediatria transformou-se em depósito de cidadãos tratados como lixo. É o caso do paciente que está sujo de fezes, urina, com o pé necrosado e coberto de moscas. Lá estão os pacientes que sequer conseguiram ser internados, ainda estão na fila. Cenário lembra um campo de concentração
A superlotação provoca cenas de um campo de concentração. Pacientes apodrecem em cima do metal frio das macas, sem colchão e sem cobertor. Isso quando não caem no chão e são deixados lá. Apodrecem mesmo, o local fede a carne podre, misturado com suor impregnado, sangue, fezes e urina. Lençóis sujos não são trocados. Corredor não é enfermaria, muito menos quarto, não tem sequer leitos, nem colchões, nem direito a banheiro.
Os acompanhantes se desdobram para conseguir fazer o asseio da pessoa amada. Para ter o mínimo de higiene, é preciso perder a dignidade humana. É o caso do idoso clicado pelo fotógrafo Felipe Brasil, completamente nu, no meio do corredor, exposto aos olhares de dezenas de outros pacientes, inclusive mulheres e crianças. A pele fina escracha a fragilidade senil e desnutrida, entre ossos aparentes que lembram um prisioneiro de Auschwitz.
Na cadeira de rodas, após décadas de uma vida honrada (humilde, mas decente), o idoso passa sem roupas e de cabeça baixa para não ver nada ao redor. Indefeso, com imunidade baixa, é um alvo fácil para as superbactérias de infecção hospitalar. Nas nádegas, uma ferida supurada toca direto no assento metálico que logo servirá a outro paciente.
O HGE é o lugar onde não se dorme, passa-se a noite. De madrugada, fica pior. Pacientes caem das macas o tempo todo. Já houve casos de traumatismo craniano e morte após a queda. “Já vi doente demais cair da maca aqui, se o pessoal vê, ainda atende, o problema é quando demora (a tirar a pessoa do chão)”, conta o aposentado José Vicente da Silva, 64 anos, que sofre do coração, usa marcapasso, sente falta de ar e leva um susto a cada queda que vê.
“Como é passar a noite aqui no corredor?”. A pergunta é feita com o gravador escondido embaixo do prontuário. “Que Deus me perdoe, mas é um inferno”, responde a dona de casa Vanique Sagaz. Todo mundo tem medo, o terror é visível nos olhos de cada um. Mesmo assim, eles têm o HGE como a última opção na luta pela sobrevivência.
A tensão é constante. “A mulher ficou desesperada. O filho estava entrando em óbito e a atendente disse que não podia fazer nada, mas poderia sim. Ir para emergência, e para que tem UTI? Eles deixaram e, de repente, só vi a mulher desesperada. A criança não sei para onde foi. Acho que ela morreu”.
A segurança do hospital é falha. Prova disso é a facilidade da nossa equipe para entrar em vários setores, inclusive na UTI e no Centro Cirúrgico. Os casos de agressões a funcionários e a pacientes são frequentes, já houve até assassinatos.
É difícil repousar. “Chegou um rapaz que estava só piscando os olhos, botaram ele no soro, depois de uns dez minutos ele começou a vomitar sangue, aí pegaram ele e levaram para a área vermelha. Infelizmente, o rapaz faleceu. O filho dele e a esposa ficaram nervosos, saíram agoniados. Teve uma paciente idosa que ficou aqui agoniada, chorando, chamando por Deus, ‘Jesus, atalhe esse sangue, senhor, em nome do senhor’. Os outros doentes, todo mundo que viu isso, ficou preocupado, ninguém sabia o que era aquilo. Se fosse um parente meu, não sei o que ia fazer com aquela atormentação”, relata Messias Batista.
Cair da maca é rotina no hospital
Os flagrantes absurdos são rotina no corredor da morte. Os funcionários colhem fotos e vídeos de cenas dantescas quase que diariamente. “Na semana passada, estava estabelecido um campo de concentração na área azul e na área vermelha. Uma paciente com suspeita de AVC que tinha acabado de voltar de uma tomografia, ao tentar se acomodar na maca, caiu de uma altura de mais de um metro, por pouco não morreu. Temos imagens que comprovam tudo”, afirma Olga Chagas, representante de uma entidade sindical alagoana.
Após a queda, a paciente ficou mais de quinze minutos prostrada no chão porque todos os padioleiros (maqueiros) estavam sobrecarregados, como de costume. A cena foi terrível, “a filha, desesperada, ficou gritando ‘socorro, a minha mãe vai morrer’, até que outros acompanhantes, indignados com a situação, recolocaram-na em cima da maca”.
No “matadouro”, cair é rotina. “São inúmeros casos de queda”, conta Olga. Difícil é sobreviver. Sem manutenção, a maioria das macas está com a proteção arrancada, não têm freio embaixo para segurar as rodas e, sempre que o paciente se mexe, ela corre.
Outra afronta aos usuários do SUS está registrada em mais uma foto obtida pela Gazeta, em que um paciente em estado catatônico agoniza abandonado no chão do “corredor da morte”. Ele estava sem acompanhante, em plena área vermelha, tinha caído da maca, mal conseguia abrir a boca e não conseguia esboçar qualquer reação ou movimento, mas ainda estava respirando. Vivo, mas impotente, o paciente se esvaía sem qualquer socorro. Cerca de uma hora após a foto, a pessoa que fez o registro soube que aquele homem tinha morrido.
“No ano passado, um paciente psiquiátrico entrou no hospital surtado, foi medicado e amarrado com atadura, enquanto estava adormecido, mas a maca é muito pequena e ele não coube, era um homem de quase dois metros de altura, forte, e ficou com os pés e mãos pendurados”, relata Olga. Quando este paciente acordou, ficou desesperado, rompeu as ataduras e partiu para o ataque. “A primeira pessoa que ele pegou foi um idoso, jogou no chão e o paciente morreu por traumatismo craniano exposto”, conta a sindicalista.
Um acompanhante que não quis se identificar disse que ficou chocado ao ver as pessoas caindo das macas. “O paciente caiu uma vez da maca, recolocaram, caiu pela segunda vez e resolveram deixá-lo no chão mesmo, dizendo que era para não cair de novo. Ficou lá, no chão mesmo, sem colchão, sem lençol, duro, frio, sujo. Este foi mais um motivo de não querer deixar meu pai sem companhia”, diz o rapaz, que não aceitou a internação do pai na área vermelha ao saber que o acompanhante não pode entrar lá.
Após a recusa, ficou esquecido com o pai por mais de quinze horas, num hall do setor de Pediatria onde “enfiam” pessoas que aguardam uma definição sobre a internação. Ao lado do pai dele, o paciente vizinho está completamente sujo. “Tem cocô, urina, mosca, está abandonado, à míngua, o lençol todo sujo. Estou louco pra sair daqui, só esperando o médico atender”.
– Tem alguma expectativa dele receber alta hoje?
– Ele ainda não está nem internado.
– E se chegar um médico e disser que ele tem de ir para a área vermelha?
– Não, eu não concordo, eu assino um termo aí e tudo mais. Eu já tive um amigo que faleceu aí dentro (da área vermelha), foi acidente de moto, era caso simples, e tenho certeza que ele morreu por causa do mau atendimento.
Segundo a diretora, as equipes da área vermelha vivem em situação de desespero porque “têm que fazer a escolha de Sofia, de quem vive e quem morre, esse problema é recorrente não é por causa da greve, mas porque falta política de saúde no Estado e no município, a população está à míngua”, afirma Olga Chagas.
Choro e gritos de dor ecoam no corredor
Calor, barulho, sujeira, moscas, catinga e gemidos de dor. Cada passo nos corredores do HGE é um novo suplício. Um paciente usa a alpercata como travesseiro, outro se cobre com a toalha que a esposa trouxe de casa, três homens carregam uma mulher no braço, uma criança no braço do pai vomita sangue. Quem está perto se espreme nas paredes para não sujar os pés.
O Centro Cirúrgico está cheio de pacientes em macas, um deles está quase caindo, mesmo preso ao respirador. Um das pernas está quase toda fora da maca, o braço dependurado chega com a mão bem perto do chão. Se o jornalista for visto com uma máquina aqui dentro, é expulso na hora. Mesmo assim, Felipe Brasil saca o equipamento da bolsa, coloca no rosto e dispara. Três pessoas de jaleco viram, ficaram surpresos, mas não contaram nada à administração.
No corredor, gritos de dor: um paciente engasgado não para de tossir; outro chora, reclama da dor, diz que o efeito do remédio já acabou há horas e pede uma nova dose. É José Cláudio Torres, que vira a cabeça para trás e encara as lentes da Gazeta, com os olhos esbugalhados de agonia e revolta. “Aqui é o corredor da morte mesmo, não tem médico, não tem tratamento e está faltando até o remédio para diminuir a dor”.
A irmã dele, Ivanilda Torres, autoriza a entrevista às escondidas e completa: “Tem muita gente chorando aqui, gritando, as enfermeiras são muito ignorantes, vêm a hora que querem, vão dormir, a partir de meia-noite não tem ninguém, é só três quatro horas da manhã que vêm atender... o pessoal está tudo pedindo pra sair daqui porque aqui é o matadouro”.
Em cada maca ou espaço ocupado no chão, tem uma história de sofrimento, revolta e desilusão com a saúde pública. Acompanhe abaixo mais alguns depoimentos de pacientes gravados nos corredores, áreas e outras dependências do HGE.
“É mau cheiro, os banheiros muito imundos, se você entrar já vê tudo horrível, começa do banheiro e vem para o corredor, tem este paciente idoso aqui já com o pé em decomposição. Um senhor desse já era pra estar no centro cirúrgico, ele não é cachorro, é humano, nem um animal a gente trata dessa maneira”, reclama a dona de casa Vanique Sagaz, enquanto levanta o lençol para mostrar o pé necrosado do paciente vizinho que deixa o ar impregnado. O idoso já estava largado no corredor há mais de duas semanas.
– Como o senhor se sente ao ver a sua mãe nessa situação?
“Eu me sinto sem poder fazer nada, fazer o que? Ninguém vem olhar ela, ninguém diz nada. A médica só botou o soro e disse que o negócio dela tem que ser no HU, aí tem que fazer o encaminhamento. Perguntei à mulher pra vir buscar o papel, ela disse que vai ver com a assistente social se vai mandar pra casa ou pro HU. Mas a médica passa que nem vê, faz mesmo que nem vê, passa assim, o povo tudo aqui quase já morrendo e ela passa, nem vê, nem nada”, lamenta José Marcos da Silva, chorando.
O relato dramático dos usuários
Após 17 horas na triagem, Albertina Maria da Conceição, 82 anos, ainda aguardava a definição de exames para ser internada. A irmã Anamara Maria da Silva também é idosa e não aguenta mais esperar. Sem internação, não tem direito a refeição, nem asseio. A pele de Albertina está literalmente apodrecendo. Feridas abertas nas ancas e nos pés estão profundas e dependem de uma raspagem ou cirurgia.
“Esta senhora idosa é diabética, não deram a alimentação, nem tem chuveiro para ela tomar um banho, fralda descartável também não trocaram, está com uma irmã também idosa, que não tem condição de ficar com ela. Está com dois meses que ela veio aqui, fazer essa cirurgia para amputar a perna e não fizeram, passaram a medicação e mandaram ela voltar para casa, em Porto Calvo, quando foi agora voltou de novo e o médico ainda não apareceu, explica Juliana Maria.
“Não tem nem onde deixar a minha irmã, nem como dar um banho, e ela está toda ferida, eu já estou que não aguento mais, estou doente, estou fraca também”, lamenta Amara Maria da Silva.
“O meu pai está com problema de vômito, com sangue, e está aqui desde as 3 horas da tarde de ontem (há mais de 20 horas), sem comer nada, e o médico ainda não passou para avaliar. A gente dormiu aqui no corredor, vários dormiram aqui no chão”, revela Taciana Maria da Silva. “O atendimento, na realidade, é péssimo. Os médicos aqui são uns cavalos, as enfermeiras, cheias de direito”, diz Aline Maria. “A minha tia está com fome, não tem vaga e enquanto não internar ela não come, passa fome”, protesta Eliane Santos.
“O hospital está sem medicação, deu ‘morragia’ no paciente, ele começou a vomitar ontem, e só hoje de manhã vieram dar a medicação, já na hora que ele desmaiou. Quando você vai falar com a enfermeira, ela vem com quatro pedras na mão”, denuncia Vanique Sagaz. “Já estou aqui há nove horas, botaram soro aí no meu irmão, o médico saiu do plantão, entrou outro, eu fui falar com ele, que passou esse exame aqui (um hemograma)”.
“Desde ontem estou aqui esperando duas bolsas de sangue que vêm lá do Hemoal para a minha mãe. Ela precisa de transfusão porque passou um mês sem comer direito e está fraca, com anemia. Chegou ontem 7 horas da noite (há 13 horas e 15 minutos). Sem comer, não recebe soro, só levou uma injeção na veia. O atendimento é péssimo, não tem comida para o paciente, para o acompanhante, não tem nada, até papel higiênico não tem, o banheiro é uma situação preocupante. É difícil”, revolta-se Juliana Maria.
Direção nega problemas e diz que HGE é referência
A direção do HGE admite que faltam condições de trabalho, medicamentos, insumos, equipamentos e manutenção, mas nega categoricamente a denúncia de mortes por falta de atendimento. “Não, de forma alguma morrem pessoas que poderiam ser salvas”, afirma a diretora-geral, Verônica Omena.
Para ela, também não há pacientes que precisam de respiradores e não recebem. “A demanda é muito maior, mas a gente tenta supri-la. Hoje, nós temos uma reserva de respiradores que pode ser utilizada. Verônica conta que pode haver momentos em que muitos pacientes precisam do aparelho e alguns podem ficar sem ele, mas seria só por uma questão de tempo, até chegar um que estava na reserva. “Às vezes, é necessário relocar respiradores de outros hospitais”.
A diretora acredita que muitas vezes as denúncias acontecem porque os pacientes ou os próprios funcionários “passam uma informação que não é correta” porque não conhecem o assunto específico. A médica explica que a superlotação é inevitável porque “somos a única porta aberta do Estado, os leitos são insuficientes”.
Segundo Verônica, não há falta de macas. “Se você colocar mil macas dentro de um hospital, todas vão ficar cheias. Os pacientes vêm para cá, mas poderiam encontrar a saúde básica no posto do bairro ou no hospital do interior”. Ela conta que 87% dos pacientes que estão no corredor devem ser atendidos em leitos de patologia eletiva, o que não poderia ser no HGE.
Apesar de todas as críticas, ela afirma: “não somos vistos como um hospital de problemas, nós somos a solução, temos tratamento diferenciado em infarto agudo do miocárdio, uso de trombolítico, temos a única unidade de queimados do Estado, somos referência em trauma, não existe lugar mais apropriado para uma vítima de acidente de trânsito, além de contarmos com equipe de referência, com cirurgiões, neurologistas, anestesistas, cardiologistas, clínicos”.
A diretora informa que o atendimento aumentou de 400 para 600 pacientes por dia, após a greve dos médicos nos ambulatórios. Destes, apenas 48 são internados por dia. “Nosso tempo de espera por uma consulta é de 48 minutos, eu não acredito que passam oito horas para fazer um hemograma. Para o paciente, há a sensação de que ele está esperando muito, mas não é real”.
Sobre a falta de alimentação: “Quando o paciente ainda não está interno, é complicado para o setor de nutrição ter acesso”. Para ela, o atendimento pode não ser o ideal, mas o HGE é o único lugar que as pessoas podem contar para ter atendimento de urgência e emergência pelo SUS. “Todos os profissionais daqui são comprometidos, o lema aqui é salvar vidas, incomoda muito ouvir que aqui é um matadouro ou o corredor da morte, a gente tem certeza que isso não é a realidade. Aqui o objetivo é salvar, não é matar, eu fico muito triste com essas declarações de quem está lá fora”.
A direção do HGE nega que os médicos são obrigados a decidir quem vai continuar vivo. Para saber se algum paciente vai para a UTI ou área vermelha, por exemplo, “existe toda uma classificação de risco, com métodos que avaliam a gravidade dos pacientes, de acordo com o protocolo de Manchester”.
Fonte: Assessoria Sateal com Gazeta de Alagoas