Maternidade Santa Mônica revive drama da superlotação

Maternidade Santa Mônica revive drama da superlotação


Publicado em: 15/11/2013 23:24 | Autor: 324

Whatsapp

 

A Escola Maternidade Santa Mônica, no bairro do Poço, em Maceió, revive dias de angústia com a superlotação da estrutura, o que vem resultando em um atendimento precário as gestantes de alto risco e mães em recuperação pós-parto, além de grande desgaste aos servidores que trabalham na unidade.

Médica sendo agredida verbalmente por paciente, mulher com feto morto à espera de cirurgia, grávida dando à luz em pleno setor de triagem e o chão dos corredores superlotado de parturientes. Este é o retrato do caos que se instalou no último fim de semana e prevaleceu durante a segunda-feira (21).

De acordo com a diretoria da maternidade, Rita Lessa, 150 grávidas deram entrada na Santa Mônica – que é referência para partos de alto risco – da última sexta-feira até a manhã de ontem. Quarenta delas seguiam espalhados pelo chão da maternidade na manhã. Doze delas foram transferidas no fim da tarde.

Com os leitos ocupados, dezenas de pacientes enroladas em lençóis sujos disputavam colchões no corredor da maternidade. Um dos partos foi realizado na recepção e polícia militar foi acionada para garantir a segurança dos funcionários da maternidade, que é referência em atendimentos para grávidas de risco.

Segundo Rita Lessa, as maternidades Paulo Neto e São Rafael continuam sem receber pacientes, restando apenas a Nossa Senhora da Guia, o Alerta Médico, Nossa Senhora de Fátima e Santo Antônio como opções de atendimento para as gestantes. “A situação ficou mais grave no último domingo quando não tinha mais chão para ofertar às gestantes. Hoje, a realidade é esta. Tem gestante em cima de um lençol sendo avaliada pelos médicos no chão da triagem”, relatou.

Mulheres e crianças expostas; profissionais revoltados

Visivelmente indignada, a enfermeira Marinalva de Lima tentava prender o soro com esparadrapo na parede do corredor, enquanto prestava auxílio à dona de casa Maria Florisnete. “A moça acabou de sair de um parto normal, com sete meses de gravidez e não tem uma cama para ela. Essa situação é desumana tanto para a paciente quanto para quem está aqui trabalhando”, disse.

Ainda sentindo dores, Maria Florisnete contou que tentou atendimento em outras maternidades da cidade. “Já tinha ido na Maternidade São Rafael, no Hospital Universtário e até no Alerta Médico, que é particular, mas nenhum estava aceitando gestantes de risco”, disse. “Esperava que após o parto eu tivesse o mínimo de dignidade”.

No mesmo corredor, outras cinco mães também ocupavam colchões em meio à circulação de macas e expostas a infecções. “Isso é antiético. Eu não estudei para isso, estudei para eliminar riscos de contaminação e infecção”, afirmou a médica obstetra Valtenice Velozo.

Problema administrativo

Para a diretora da Maternidade Santa Mônica, Rita Lessa, o descaso dos gestores públicos e das outras unidades médicas e a deficiência da cobertura de planos de saúde contribuem para o afogamento da Santa Mônica.

"As outras maternidades a exemplo da São Rafael, da Paulo Neto e da Nossa Senhora da Guia não estão recebendo essas gestantes. O Hospital Universitário também está paralisado por causa da greve. Nossos médicos também estão em greve, mas nós respeitamos os 30% de serviços essenciais à população", disse.
"Outro problema é que nós absorvemos a demanda dos hospitais particulares, pois os planos de saúde não cobrem emergência pediátrica e as pacientes acabam vindo para cá".

De acordo com Rita, somente na noite do domingo (20) foram realizados 40 atendimentos, número que em dias normais é o total dos atendimentos prestados pela Maternidade Santa Mônica. "Temos de dois a três médicos obstetras plantonistas, mas não têm condições da gente atender essa quantidade", disse.

Regulação de Maceió não funciona nos finais de semana

A diretora ainda afirmou que a maternidade Santa Mônica, que pertence ao Estado, atende as pacientes através do Sistema Único de Saúde (SUS), mas solicita remanejamentos das para unidades municipais. "Solicitamos essas transferências através da Central de Regulação Assistencial de Leitos (Cora), só que existe repressão à livre demanda, não funciona à noite, programam partos cesáreos para o fim de semana, o que contribui para o afogamento aqui", disse.

Através da assessoria de imprensa, a prefeitura de Maceió informou que 26 novos leitos serão disponibilizados no Hospital do Açúcar daqui a três semanas. Duas auditoras da Secretária Municipal da Saúde visitaram a maternidade.

 

Fonte: Assessoria Sateal com G1 e Gazeta de Alagoas