Pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina revela que o brasileiro está insatisfeito com o sistema de saúde. Do total, 89% classificou a saúde – pública ou privada – como péssima, ruim ou regular. A avaliação é compartilhada por 94% dos que possuem plano de saúde e por 87% dos que dependem do Sistema Único de Saúde – SUS. Para os entrevistados, os políticos que vencerem o pleito deste ano devem adotar medidas que combatam a corrupção na área da saúde (26%); reduzam o tempo de espera por consultas, exames, cirurgias e outros procedimentos (18%); aperfeiçoem a fiscalização dos serviços na rede pública (13%); fomentem a construção de mais postos e hospitais (11%); e garantam melhores condições de trabalho e de remuneração para médicos e outros profissionais da área (9%).
Dificuldade no acesso – O tempo de espera é o fator com avaliação mais negativa do SUS – o item é apontado como maior gargalo na rede pública para 82% dos entrevistados que buscam consulta, 80% dos que precisam de um exame de imagem e para 79% dos que aguardam cirurgia. Entre os itens com maior dificuldade de acesso na rede pública estão: consultas com médicos especialistas (74%); cirurgias (68%); internação em leitos de UTI (64%); exames de imagem (63%); atendimento com profissionais não médicos, como psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas (59%); e procedimentos específicos como diálises, quimioterapia e radioterapia (58%).
Também são vistos como vilões a falta de recursos financeiros para o SUS (15%) e a má gestão administrativa e operacional do sistema (12%). Questões como a falta de médicos (10%) e a dificuldade para marcar ou agendar consultas, cirurgias e procedimentos (10%) completam o topo do ranking. De acordo com o estudo, 83% das pessoas ouvidas acreditam que os recursos públicos não são bem administrados; 73%, que o atendimento não é igual para todos; e 62%, que o SUS não tem gestores eficientes e bem preparados. Entre os 14 serviços disponíveis em postos e hospitais analisados pelo estudo, 11 foram alvo de críticas.
As avaliações positivas foram para os serviços de vacina (87% consideram fácil ou muito fácil); exames laboratoriais (65% de aprovação); atendimento no posto de saúde e acesso a remédios distribuídos pela rede pública (62% de aprovação).
Apesar das reclamações, os entrevistados afirmaram que o SUS deve ser valorizado como política social relevante. Os números mostram que, para 88% dos entrevistados, o sistema deve ser mantido no país como modelo de assistência de acesso universal, integral e gratuito para brasileiros, conforme previsto em seus princípios e diretrizes legais.
Durante a semana da pesquisa, 39% dos entrevistados disseram esperar naquele momento por algum atendimento no SUS, como consultas, exames e cirurgias. O índice é maior em relação a pesquisas anteriores feitas em 2014 e 2015, quando 30% e 29% aguardavam algum atendimento na rede. O aumento ocorre no mesmo período em que houve redução no número de usuários de planos de saúde no país.
Entre esse grupo, que espera por atendimento, dobrou o percentual de entrevistados que dizem aguardar há mais de seis meses. Em 2014, a pesquisa mostrou que esse índice era de 29%. Em 2018, esse percentual já atinge 45% –sendo que 29% do total aguardavam há mais de um ano.
Os dados mostram ainda que, superada a dificuldade de acesso, a avaliação do SUS melhora em relação à qualidade dos serviços. Neste caso, 39% avaliam o atendimento como bom ou excelente, 38% como regular e 22% como ruim ou péssimo.
Fonte: CFM e Folha de SP