As projeções para crescimento e melhora da economia e outros setores brasileiros apontam apenas para o futuro. E não é um clichê afirmar isto. O DIEESE divulgou novo estudo sobre conjuntura política e econômica e as previsões não são animadoras para a classe trabalhadora.
A perspectiva de melhoras ocorre a longo prazo, tendo 2017 como meta de reordenamento econômico. Isso porque o estudo não aborda somente a situação político-financeira brasileira, mas leva em consideração condições geopolíticas e de parceiros comerciais internacionais.
O país está diante de uma situação bastante desafiadora, para se dizer o mínimo. Um quadro internacional adverso, muita incerteza no âmbito político interno, brutal reorientação da atuação estatal, contas públicas debilitadas e um segundo ano de forte retração da atividade econômica.
Adicionalmente, continuam em curso projetos com elevado impacto negativo sobre os direitos dos trabalhadores e sobre as perspectivas de promoção de um processo de desenvolvimento inclusivo. Vale citar, por exemplo, a regulamentação da terceirização, o projeto da prevalência do “negociado sobre o legislado”, o avanço do projeto que flexibiliza o conceito de trabalho análogo à escravidão e o que altera regras relativas ao papel da Petrobras como operadora única na exploração das jazidas do pré-sal.
Nesse ambiente, os trabalhadores e suas famílias, que têm sofrido há algum tempo com o desemprego e a queda dos salários, vão provavelmente ter que lidar com a piora nas condições de funcionamento do mercado de trabalho brasileiro e das políticas públicas (de educação, saúde, moradia, assistência, previdência).
O alívio trazido pela queda na inflação não será suficiente para compensar a alta que deverá acontecer no nível de desemprego e a deterioração das condições para a realização das negociações coletivas. Além disso, adentra-se em um período de potenciais mudanças de ordem estrutural nas relações de trabalho no país. São alterações que podem mexer em regras vigentes desde a primeira metade do século passado. Muitas dessas mudanças têm sido justificadas pela atual conjuntura econômica que, em boa medida, relaciona-se a uma crise mais geral do capitalismo mundial.
Essas justificativas, no entanto, são indevidas, pois o ônus dos ajustes não atinge igualmente toda a sociedade. São os trabalhadores e as classes de rendas mais baixas que acabam suportando todo o peso dos ajustes.
Ascom Sateal - Com informações do Dieese