Negociações salariais em 2015 ficaram abaixo do esperado, aponta Dieese

Negociações salariais em 2015 ficaram abaixo do esperado, aponta Dieese


Publicado em: 11/04/2016 19:14 | Autor: 337

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O balanço das negociações dos reajustes salariais de 2015, feito pelo Dieese, revelaram um cenário desfavorável para os trabalhadores. Cerca de 52% dos reajustes salariais apresentaram ganhos, ficando acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao  Consumidor (INPC) , 30% foram em valor equivalente à variação do índice e 18% ficaram abaixo. O aumento real médio em 2015 foi de 0,23%.

O Dieese comparou os dados obtidos no ano passado com os de 2004, quando houve resultado abaixo do esperado. Naquele ano, cerca de 19% dos reajustes considerados ficaram abaixo do inflação, 26% tiveram valor igual e 55% resultaram em ganhos reais aos salários, patamares muito próximos ao observado em 2015. A variação real média em 2004 foi de 0,61% acima da variação do INPC; superior, portanto, ao do último ano.

Os dados levantados pelo Departamento informam que os ganhos e perdas reais se concentraram nas faixas mais próximas à variação da inflação. Cerca de 38% do total dos reajustes – ou 69% dos reajustes acima da inflação – resultaram em ganhos de até 1%; e aproximadamente 12% de todos os reajustes – ou 66% dos que ficaram abaixo da inflação – resultaram em perdas de até 1%. Estas duas faixas, mais os reajustes em valor igual ao INPC, abrangem cerca de 79% do painel analisado. Também chama a atenção o fato de que 11% dos reajustes tenham resultado em ganhos reais entre 1% e 2% acima do INPC.

Houve queda na proporção dos reajustes acima da variação do INPC entre janeiro e junho. A partir de julho, os reajustes abaixo da inflação deixam de subir e passam gradualmente a perder peso relativo para os reajustes iguais à inflação (salvo no mês de agosto, quando os reajustes acima da inflação são os mais frequentes). Em novembro, o quadro muda novamente: a proporção dos reajustes abaixo da inflação torna a subir, atingido o patamar de 35%, os reajustes iguais à inflação, que já vinham subindo, salvo em agosto, atingem a sua maior marca no ano (57%) e os reajustes acima da inflação atingem o seu nível mais baixo: 8%. Em dezembro, os reajustes abaixo da inflação sobem mais um pouco (43% das negociações). Os reajustes acima da inflação sobem também (29%) e os reajustes em valor igual à variação do INPC caem, atingindo a mesma proporção dos ganhos reais (29%). No entanto, os dados de dezembro precisam ser vistos com reserva devido ao baixo número de reajustes coletados até a elaboração do balanço.

Uma possível explicação para o cenário seria o agravamento do quadro econômico do país, aponta o Dieese. Outros fatores, como a força da organização sindical e a capacidade de mobilização dos trabalhadores, não podem ser ignorados. Por sinal, uma das possíveis explicações para a reversão da piora dos resultados no começo do segundo semestre pode ser atribuída ao fato de que esse período do ano concentra as datas-bases de algumas das principais categorias profissionais brasileiras.

O parcelamento do pagamento do reajuste salarial também apresentou crescimento em 2015. Das 708 negociações estudadas, 90 delas dividiram o pagamento em duas ou mais parcelas.

Dentre os três setores econômicos analisados, o industrial foi o mais afetado. Menos da metade dos reajustes no setor alcançaram ganhos reais, e 19% tiveram reajustes abaixo da inflação. No setor de serviços, o quadro é mais ambíguo: apresentou a maior proporção de reajustes acima da inflação no estudo, presente em 62% dos acordos do setor, e nível de reajustes abaixo da inflação em proporção quase igual à da indústria: 18%. Uma possível explicação é o fato de que grande parte das negociações do setor possui data-base no primeiro semestre e, por isso, foi pouco afetada pelo agravamento da crise.

Ascom Sateal - Com informações Dieese