Perfil da Enfermagem: auxiliares e técnicos são maioria mas ainda convivem com subsalários

Perfil da Enfermagem: auxiliares e técnicos são maioria mas ainda convivem com subsalários


Publicado em: 20/07/2015 17:53 | Autor: 337

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Pardos, na maioria mulheres, jovens e boa parte atuantes em Maceió. Essa é uma definição básica que sintetiza o perfil dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Alagoas. Os dados fazem parte de uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que traçou o perfil da Enfermagem no Brasil.

Os dados locais foram apresentados pela coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado, na última quinta-feira (16) em um evento no auditório da faculdade Seune, no bairro do Farol.

Assim como em todo o país, os auxiliares e técnicos compõem a maior parte do quadro dentro da Enfermagem. Em Alagoas são 19.023 profissionais e destes 14.945 são auxiliares e técnicos – 78,7% - e 4.078 enfermeiros – 21,3%.

Do universo da enfermagem pesquisado em Alagoas, 88,7% são mulheres e 10,7% são homens. A maioria dos profissionais reside na capital, 62,9%, e no interior o percentual fica em 34,8%.

Para a coordenadora do estudo, Maria Helena Machado, num panorama nacional a pesquisa revela que a presença masculina no mercado da enfermagem aponta para uma tendência de mudança. “Homens geralmente buscam carreiras estáveis, mercados promissores, então mesmo que ainda seja um número pequeno se comparado ao feminino, a tendência é que haja uma mudança nesse arquétipo”, comentou.

De uma forma geral, a pesquisa mostrou também que a força de trabalho em Alagoas é em sua maioria composta por jovens. Ainda há um número elevado de profissionais da enfermagem com mais de 46 anos, mas um alto número de profissionais entre os 25 e 35 anos.

Etnia e salários

Apesar de haver uma forte concentração de profissionais da enfermagem nas capitais, nos grandes centros e no Sudeste, os profissionais do setor mostram que possuem em sua maioria uma qualificação educacional acima do exigido. No caso dos auxiliares e técnicos de enfermagem, 51,3% dos pesquisados possuem nível médio completo, 24,8% superior incompleto e 14% superior completo. A maioria deles formados pela rede privada.

Em Alagoas, a pesquisa apontou que 56% dos que responderam à pesquisa se consideram pardos, 30,6% brancos, 7,1% pretos, 2,5% amarelos e 0,4% de origem indígena.

Sobre mercado de trabalho, 65,1% dos profissionais atuam no setor público, 24% no setor privado e 12,2% no filantrópico. Com relação a questões salariais, os auxiliares e técnicos responderam que a renda de mais da metade dos entrevistados não chega a R$ 1000. Houve também relatos de pelo menos 9% dos entrevistados sofreram com desemprego no último ano.

 

“É um número que preocupa, já que uma das grandes queixas principalmente entre os jovens é a busca por um emprego. O número de Alagoas é igual a média nacional”, comentou Machado.

Segundo a presidente do Coren, Zandra Candiotti, a boa vontade política pode mudar muito realidade desses profissionais. “O subsalário faz com que os profissionais precisem ter vários empregos para poder ter uma renda digna. A pesquisa identificou profissionais que dormem apenas duas noites por mês em casa, então é natural o cansaço desse profissional. Além disso, mais de 65% dos nossos profissionais trabalham no setor público, então acredito na importância do empenho para a construção de políticas públicas para a categoria”, explicou.

Reconhecimento salarial e profissional

Se por um lado a pesquisa aponta que os auxiliares e técnicos de enfermagem são maioria no universo da enfermagem, os números não representam algumas dificuldades enfrentadas pela categoria no dia a dia, segundo avalia o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no Estado de Alagoas (Sateal), Mário Jorge Filho. De forma geral, a pesquisa aponta que 22% dos profissionais relataram já ter sofrido algum tipo de violência no ambiente de trabalho.

“Os ambientes de trabalho em Alagoas escondem muitas vezes assédio moral, jornadas excessivas, desigualdades salariais e outros problemas que refletem no resultado final. Vejo que também há falta de fiscalização das competências e do que realmente é cumprido pela classe da enfermagem nas unidades. Esse olhar diferenciado poderia mostrar muito mais do que foi exposto e ajudar de fato a acabar com sérios problemas entre os profissionais do setor”, avaliou.

 

Ascom Sateal