Os últimos meses não tem sido de alegrias para os auxiliares e técnicos de enfermagem de vários municípios do Estado. Um mesmo cenário com atraso de salário, insalubridade e péssimas condições de trabalho se repete, o que vem causando uma grande insatisfação e articulações que podem culminar em uma grande paralisação dos serviços de saúde. Ciente deste caos, o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Alagoas (Sateal), Mário Jorge Filho, está percorrendo alguns municípios para conversar com a categoria.
Durante uma visita em Japaratinga, o presidente da unidade sindical foi informado que um técnico de enfermagem estaria sobrecarregado por conta das diversas funções a ele delegadas. “Fui informado que esta pessoa é responsável por todos os ambulatórios do município, quando está de serviço realiza suturas, ministra medicação, faz drenagem de abcesso e até pequenas cirurgias [retirada de sinais]. Além disso ele ainda é obrigado a fazer a escala dos auxiliares e técnicos que atuam no município e ainda tinha sob seu poder receitas médicas de alta complexidade já assinadas e carimbadas por um médico. Vale lembrar que este tipo de função é de competência de um especialista na área, não de um técnico de enfermagem”, protestou Mário Jorge.
O Sateal também detectou irregularidades no cumprimento da Norma Técnica 32, que estabelece cuidados obrigatórios que todo profissional necessita para que não haja o contágio com substâncias e outros materiais. Outra deficiência constatada em Japaratinga foi a ausência de supervisores no ambulatório que funciona 24 horas.
O Sateal encaminhou ao Conselho Regional de Enfermagem (COREN) uma solicitação cobrando medidas drásticas contra o município por se mostrar conivente com a prática do exercício ilegal da profissão, o que, segundo Mário Jorge, configura um crime. Além disso, será solicitada ao Conselho uma apuração para detectar se o profissional possui inscrição no COREN.
PORTO DE PEDRAS
Durante reunião no município, a situação encontrada também foi semelhante. Além dos atrasos salariais e no pagamento de benefícios, o Sateal constatou que um ex-estudante do curso técnico de enfermagem era o responsável pela direção da unidade 24 horas.
A prefeitura municipal já foi notificada várias vezes sobre irregularidades, mas o diálogo nunca flui, o que atrasa a negociação.
MARAGOGI
Na cidade do Litoral Norte, o cenário se repete, com o agravante de a atual gestão não cumprir o que ficou definido para a implantação da insalubridade, o pagamento de retroativos, do piso salarial da categoria, bem como a implantação do Plano de Cargo, Carreiras e Salários (PCCs).
Mesmo com tantos problemas, o que deixou o Sindicato ainda mais incomodado foi ver a quantidade de profissionais acometidos por patologias (doenças) crônicas. A situação fica ainda pior com o atraso salarial, que impede o tratamento adequado. “O Sateal pergunta: depois da alta, como faz o paciente para continuar o tratamento, já que nem os patrões nem o município querem se responsabilizar? A falta de valorização dos trabalhadores chega a esse ponto, que só há utilidade enquanto saudáveis depois são considerados bagaços de laranja, sugados e jogados fora, o que é lamentável”, afirmou Mário Jorge cobrando uma solução urgente por parte do poder público.
Já em Porto Calvo, outro problema constatado foi com relação a profissionais com tempo de serviço, mas que ainda não conseguiram autorização para se aposentar.
Diante do caos encontrado nas unidades já visitadas, o Sateal levanta o seguinte questionamento: Onde está o dinheiro que é descontado referente à Previdência Social dos municípios?
Está previsto que os representantes do Sindicato retornem aos destinos já visitados em 15 dias, às vésperas do carnaval. A data foi escolhida estrategicamente para verificar in loco se as unidades estão preparadas para atender a demanda resultante do carnaval.