Embora sejam maioria no mercado de trabalho da enfermagem em Alagoas, as mulheres seguem como as principais vítimas de assédio e sobrecarga no ambiente de trabalho. Os dados foram levantados na pesquisa da enfermagem, levantamento estatístico elaborado pelo Sateal, em parceria com o Sineal, que pretende traçar um perfil dos profissionais e das condições de trabalho dentro das unidades de saúde no estado.
De acordo com dados do levantamento, as mulheres ocupam mais de 80% dos postos de trabalho, atuando em hospitais e unidades de saúde precárias, que não respeitam o dimensionamento de profissionais e pacientes. “Sobrecarga de trabalho é a maior queixa das profissionais, além de casos de assédio moral e sexual”, explica o presidente Mário Jorge Filho.
A pesquisa segue aberta e o presidente da entidade faz um apelo para que todos, homens e mulheres, respondam o questionário. “A pesquisa servirá de instrumento para levantamento de informações, como também para apresentação das informações aos órgãos de fiscalização e controle das leis trabalhistas”, destacou.
Dia da mulher, por que ainda é preciso lutar?
Ao longo das últimas décadas a mulher brasileira avançou muito na conquista de seus direitos. Ela lutou e conseguiu espaço significativo na sociedade e principalmente no mercado de trabalho. Foi preciso as mulheres irem às ruas, marchando por igualdade; ou até mesmo serem assassinadas em unidades industriais. Felizmente muita coisa já mudou. Na Constituição Brasileira e na legislação, os direitos das mulheres estão assegurados nas questões trabalhistas, familiares, eleitorais, da saúde, educacional e penal.
Entretanto, lamentavelmente, ainda é preciso avançar muito para que se faça justiça com as profissionais femininas que continuam sofrendo discriminação no mercado de trabalho, e o que é ainda pior, continuam ganhando menos que os homens.
Ainda é preciso lutar para acabar com o quadro epidêmico do assassinato sistemático de mulheres no país. De acordo com o Atlas da Violência, divulgado em 2019 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2007 e 2017 houve aumento de 30,7% dos casos de feminicídio. Na grande maioria dos casos, 88% dos responsáveis pelos crimes foram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
Em 2018 foram registrados total de 66.041 estupros no país, sendo 180 por dia. 53,8% desse total se referem violações de meninas. Os dados revelam que a cada hora quatro meninas de até 13 anos são violentadas no Brasil. Em 93% dos estupros registrados, os agressores são homens próximos ou conhecidos das meninas e mulheres. A explicação para essa violência estrutural contra as mulheres brasileiras está na formação social do país, na discriminação estrutural e a desigualdade de poder, que inferioriza e subordina mulheres aos homens.