A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS com apoio das bases, incluindo o Sateal, vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à fala preconceituosa do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que médicos que não passarem nos exames do Programa Revalida poderão “ficar trabalhando como enfermeiros, ganhando menos”. A manifestação do presidente só demostra todo o seu desconhecimento e descaso diante da segunda maior categoria do Brasil e que é a base da sustentação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde – Opas, a enfermagem representa a maior força de trabalho em saúde, respondendo por mais de 60% dos profissionais da área.
Só para constar Vossa Excelência, a enfermagem, que reúne mais de 2 milhões de profissionais, em sua maioria mulheres, é fundamental dentro da equipe hospitalar, pois ela atua na prevenção, tratamento e reabilitação, atenta para o bem-estar físico e emocional do paciente e faz um elo entre paciente, família e demais profissionais da saúde. São profissionais dedicados ao cuidar, mais do que isso, eles se tornam companheiros no dia a dia dos pacientes e fazem a diferença na vida dessas pessoas. Eles trazem uma nova perspectiva, um novo olhar. Resgatam a paixão pelo viver.
A enfermagem é uma dádiva, pois são os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que trazem esperança para a vida de pacientes que muitas vezes desistiram de acreditar. Ao mesmo tempo, é também um desafio, ao passo que é uma categoria sobrecarregada, doente e desvalorizada, que trabalha em triplas jornadas, em condições precárias e recebendo baixos salários. Por isso a luta constante da CNTS e demais entidades para que sejam aprovadas as propostas que instituem a jornada de trabalho em 30 horas, estabelecem piso salarial nacional e local de descanso digno para os profissionais. Estas pautas tramitam há décadas no Congresso Nacional e contam com o descaso dos parlamentares para permanecerem engavetadas. Congresso este, presidente, que até poucos meses atrás, Vossa Excelência pertencia e não fez nada para melhorar a vida dos trabalhadores da enfermagem nos 27 anos em que esteve lá.
Como dirigente máximo deste país, o presidente deveria propor políticas públicas para valorizar os profissionais de enfermagem, para gerar empregos, para melhorar a formação dos trabalhadores. Em contrapartida, prefere atacar a segunda maior categoria do país, atacar os nordestinos, atacar políticas que combatem o trabalho escravo e infantil, pois é mais fácil atacar, do que propor melhorias para o país.
Como disse a Opas, a enfermagem é essencial para avançar rumo à saúde universal. Por isso, a CNTS permanece firme na luta pela valorização da enfermagem e por saúde pública de qualidade, definida constitucionalmente como direito de todos e dever do Estado.