A Assembleia Geral Extraordinária reuniu profissionais da enfermagem na sede do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no Estado de Alagoas (Sateal), na tarde desta terça-feira, dia 31, para deliberar acerca da nova escala de 12 horas imposta pela Santa Casa de Misericórdia. Uma reunião vai rediscutir a situação na próxima segunda-feira, dia 6 de agosto, conforme deliberação da categoria.
Os trabalhadores do hospital não aceitam a desproporcionalidade que acaba com direitos adquiridos, inclusive as folgas semanais. Segundo a categoria, muitos profissionais já estão pedindo demissão, bem como adoecendo e se afastando das atividades laborais por conta da sobrecarga.
Para eles, descanso não é folga por isso cobram o retorno imediato das folgas semanais, das quais são conquistas obtidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em convenções coletivas.
Acrescentam ainda que seja humanamente impossível cumprir uma jornada de 12 horas de trabalho sem que haja folga semanal, o que irá afetar diretamente a qualidade da assistência ao paciente. Atualmente em algumas unidades da Santa Casa, como por exemplo, no Hospital Nossa Senhora da Guia, há apenas um enfermeiro para cada 12 pacientes. Enfermeiros denunciaram também que atendem em outras unidades cerca de 40 pacientes por turno.
Outro ponto questionado pelos profissionais durante assembleia diz respeito ao remanejamento, que havendo recusa deles, são notificados e obrigados a assinar à negativa. “Como podemos atuar em uma área e ir para outra complexidade sem treinamento?”, indagou uma das trabalhadoras.
De acordo com o presidente do Sateal, Mário Jorge, na reunião ocorrida na segunda-feira (30), os representantes da Santa Casa afirmaram que o único setor que não seria afetado com a nova escala de 12 horas era o de imagem. “Pedimos que fosse ponderado e suspendessem a implantação da nova escala a partir de hoje. A instituição diz que a escala é benéfica e que ninguém está sendo pressionado a optar e nem de perder o emprego, porém não é verdade”, disse.
As entidades estão unidas nesta causa e não se pode aceitar essa forma de escravidão que estão querendo adotar. “Eles não quiseram que os trabalhadores fossem ouvidos nos setores porque os revoltados poderiam influenciar na decisão dos conformados”, revelou Mário Jorge.
Desta forma foi marcada uma nova reunião na Santa Casa com seus representantes e sindicatos na próxima segunda-feira (6), o horário será informado em breve. “A alternativa que queremos é que a escala anterior seja retomada com as folgas e feriados, por enquanto a escala está suspensa, porém não é em definitivo”, ressaltou o sindicalista.
O diretor do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Alagoas (Sineal), Rildo Bezerra, lamentou a ausência dos Enfermeiros da Santa Casa na assembleia, pois segundo ele, a nova escala não somente põe em risco a saúde do trabalhador, mas também do paciente, seja ele do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do privado, deixando a passividade de erros gritantes.
“Não se pode admitir um tratamento de senzala com seus funcionários, não vamos permitir, por isso a importância da classe pedir para ser ajudada, nada de medo de represália, o sindicato está aqui para ser voz dos trabalhadores”, frisou. “Essa parceria de Sineal, Sateal e Conselho Regional de Enfermagem (Coren) é um marco histórico, nunca vimos isso, é um momento impar por todos estarem de braços dados”, destacou.
Para ele, ninguém gostaria de ser cuidado por um mal profissional, a logomarca da Santa Casa é: em defesa da vida, mas conforme ele, se for desse jeito, será em defesa da morte. “Não se trabalha para prejudicar o profissional de enfermagem e colocando a vida do cliente em risco”, mencionou. “Com as novas regras, o trabalhador terá que ter mais do que nunca, a ajuda do sindicato que vai ser crucial para defender os direitos do trabalhador perante o patrão”.